Warren Ellis e a roupa invisível do Rei
Você que lê este blog certamente tem um nível cultural no mínimo razoável e deve conhecer a fábula da Roupa Nova do Rei, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Se nunca leu os livros quando era criança, pelo menos deve ter visto a história naquele episódio do Chapolin.
Mas enfim, aí vai a fábula, segundo consta na Wikipédia, leia com atenção:
Um bandido, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a um determinado Rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O Rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.
O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
Até que um dia, o Rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o Rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser Rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz.
O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o Rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, mas seu grito é absorvido por todos. O Imperador se encolhe, suspeitando que a afirmação é verdadeira, mas se mantém orgulhosamente e continua a procissão. O Rei desfila nu diante de seus súditos.
Eis que chegamos em 2011 e o escritor Warren Ellis, autor de Planetary, Transmetropolitan, entre outros hits dos quadrinhos alternativos, juntou-se ao desenhista D’Israeli e o escritório de design Berg, para criar SVK, uma história em quadrinhos esperimental.
Trata-se de uma trama policialesca comum de se esperar de um escritor como Ellis, mesmo que ele a defina como "Identidade Bourne por Franz Kafka”, acompanhamos a aventura de 40 páginas de Tom Woodwind, um detetive inglês que é capaz de ler as mentes das pessoas.
O que chama atenção mesmo no trabalho é a sua característica especial: Para acompanhar todos os detalhes da HQ é necessário utilizar uma lanterninha de luz ultravioleta!! O brinquedinho acompanha a revista e serve para ler os "pensamentos" dos personagens na visão do detetive.
Para completar esta obra prima da modernice, temos um prefácio do romancista William Gibson e posfácios de Jamais Cascio, um "futurologista" e Paul Gravett um "historiador das HQs".
Será que tudo isso foi necessário para justificar os esforços dos designers da Berg e de Warren Ellis para fazer algo profundamente inútil? Ora por que diabos uma HQ precisa de partes impressas em tinta invisível a olho nu e uma lanterninha para podermos ler? O que isso traz de novo para a linguagem dos quadrinhos, colabora ou acrescenta alguma coisa para o desenvolvimento dela? Nada! Esse experimento não passa de invencionice!
Letrinhas invisíveis e lanterninhas são o último suspiro criativo dos quadrinhos impressos? Ou será que também vão lançar HQs pra serem lidas com óculos 3D, HQs que brilham no escuro, que tocam musiquinha e com vídeos inseridos?
Warren Ellis já provou ser um bom escritor, mas esse desejo de modernidade canhestra que ele tem faz com que ele perca completamente a noção. Ninguém quer lanterninhas pra ler quadrinhos por que os personagens leem pensamentos. E se eles tiverem visão raio-X, vamos ter óculos raio-x pra ler as histórias? E se eles emitirem correntes elétricas vamos ter um papel que dá choque? Se forem histórias do Aquaman vamos ter um papel molhado cheirando a peixe? Fogo para o Tocha Humana e gelado para o Homem de Gelo? Pinga para o Wolverine e o Homem de Ferro?
Isso é criatividade, Warren Ellis? Para de querer ser o mais moderninho do planeta! O que você conseguiu agora foi a façanha de repetir o engodo do bandido na fábula da Roupa Nova do Rei. Lançou uma historinha moderninha com partes invisíveis para as pessoas que se acham inteligentes e moderninhas olharem e dizerem "nossa que cool isso aqui, esse Ellis é um gênio", e ninguém vai criticar pra não parecer burro. Ninguém vai ter a coragem de dizer que essa porra é ridícula, infantil e inútil.
Warren Ellis, toma vergonha na cara e enfia essa lanterninha! Sai do Twitter e da Wired e volta a escrever algo que preste!
Mas enfim, aí vai a fábula, segundo consta na Wikipédia, leia com atenção:
Um bandido, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a um determinado Rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O Rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.
O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
Até que um dia, o Rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o Rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser Rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz.
O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o Rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, mas seu grito é absorvido por todos. O Imperador se encolhe, suspeitando que a afirmação é verdadeira, mas se mantém orgulhosamente e continua a procissão. O Rei desfila nu diante de seus súditos.
Eis que chegamos em 2011 e o escritor Warren Ellis, autor de Planetary, Transmetropolitan, entre outros hits dos quadrinhos alternativos, juntou-se ao desenhista D’Israeli e o escritório de design Berg, para criar SVK, uma história em quadrinhos esperimental.
Trata-se de uma trama policialesca comum de se esperar de um escritor como Ellis, mesmo que ele a defina como "Identidade Bourne por Franz Kafka”, acompanhamos a aventura de 40 páginas de Tom Woodwind, um detetive inglês que é capaz de ler as mentes das pessoas.
O que chama atenção mesmo no trabalho é a sua característica especial: Para acompanhar todos os detalhes da HQ é necessário utilizar uma lanterninha de luz ultravioleta!! O brinquedinho acompanha a revista e serve para ler os "pensamentos" dos personagens na visão do detetive.
Para completar esta obra prima da modernice, temos um prefácio do romancista William Gibson e posfácios de Jamais Cascio, um "futurologista" e Paul Gravett um "historiador das HQs".
Será que tudo isso foi necessário para justificar os esforços dos designers da Berg e de Warren Ellis para fazer algo profundamente inútil? Ora por que diabos uma HQ precisa de partes impressas em tinta invisível a olho nu e uma lanterninha para podermos ler? O que isso traz de novo para a linguagem dos quadrinhos, colabora ou acrescenta alguma coisa para o desenvolvimento dela? Nada! Esse experimento não passa de invencionice!
Letrinhas invisíveis e lanterninhas são o último suspiro criativo dos quadrinhos impressos? Ou será que também vão lançar HQs pra serem lidas com óculos 3D, HQs que brilham no escuro, que tocam musiquinha e com vídeos inseridos?
Warren Ellis já provou ser um bom escritor, mas esse desejo de modernidade canhestra que ele tem faz com que ele perca completamente a noção. Ninguém quer lanterninhas pra ler quadrinhos por que os personagens leem pensamentos. E se eles tiverem visão raio-X, vamos ter óculos raio-x pra ler as histórias? E se eles emitirem correntes elétricas vamos ter um papel que dá choque? Se forem histórias do Aquaman vamos ter um papel molhado cheirando a peixe? Fogo para o Tocha Humana e gelado para o Homem de Gelo? Pinga para o Wolverine e o Homem de Ferro?
Isso é criatividade, Warren Ellis? Para de querer ser o mais moderninho do planeta! O que você conseguiu agora foi a façanha de repetir o engodo do bandido na fábula da Roupa Nova do Rei. Lançou uma historinha moderninha com partes invisíveis para as pessoas que se acham inteligentes e moderninhas olharem e dizerem "nossa que cool isso aqui, esse Ellis é um gênio", e ninguém vai criticar pra não parecer burro. Ninguém vai ter a coragem de dizer que essa porra é ridícula, infantil e inútil.
Warren Ellis, toma vergonha na cara e enfia essa lanterninha! Sai do Twitter e da Wired e volta a escrever algo que preste!
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