4 de jan. de 2012

Are You My Mother? Novo livro de Alison Bechdel será lançado este ano


Fun Home, de Alison Bechdel, é uma das minhas graphic novels preferidas. Eu nunca escrevi uma resenha sobre ela e talvez não escreva tão cedo. E sabe por quê? Porque ainda não lí todos os clássicos literários citados na história. De Camus a Joyce eu ainda estou no meio do caminho e acredito que somente quando vier a ler e compreender todos é que poderei escrever sobre a HQ com propriedade.

Quem me lê (e já leu Fun Home) pode estar surpreso, pois a essa altura já deve saber que sou avesso a duas coisas presentes na HQ: dramas emocionais sobre famílias e a militância homosexualista. É verdade, sei que Alison Bechdel pretendia escrever um drama e é militante sapatona, isso tudo esta presente em sua graphic novel. Mas Fun Home é um drama de uma classe e qualidades literárias absolutamente inéditas em uma HQ, e suas ideologias são apresentadas de uma forma tão sutil e não panfletária que você pode apreciar a obra, mesmo não gostando dessas coisas. Pra quem gosta de literatura e sabe que ali não há lugar para obviedades, para o texto pobre e a narrativa pueril, é uma grande obra, sem precedentes na história dos quadrinhos.

O apelo literário de seu trabalho é tanto que a sua próxima graphic novel, "Are You My Mother", a ser lançada este ano pela editora Houghton Mifflin Harcourt, vai sair com uma tiragem de cem mil exemplares! Um feito raro para uma graphic novel. A história será mais uma vez um conto autobiográfico familiar. Depois do pai, ela decidiu falar sobre o relacionamento com sua mãe.

Leia a sinopse:

Fun Home, de Alison Bechdel, foi um fenômeno pop e literário. Agora, uma nova história de investigação filial, desta vez sobre a mãe: a leitora voraz (do London Review of Books à Revistas das Estrelas); a amante de música (de ópera a death metal); a dedicada atriz amadora.

Também uma mulher, num casamento infeliz com um gay enrustido, cujas aspirações artísticas não se pronunciavam sob a superfície da infância de Bechdel... e que parou de dar beijos de boa noite na filha, para sempre, aos sete anos.

De forma comovente e cômica, Bechdel embarca numa busca por respostas sobre o abismo entre mãe e filha. É uma busca complexa que leva os leitores à fascinante vida e obra do icônico psicanalista Donald Winnicott, a uma reveladora ilustração do Dr. Seuss e à vida amorosa adulta, totalmente monogâmica, de Bechdel. E, enfim, de volta a Mãe - a uma trégua, frágil e em tempo real, que vai comover e surpreender todos os filhos adultos de mães talentosas.


Só a sinopse já causa expectativas! Não dá pra esperar uma novela sentimental estilo Daytripper, com diálogos piegas, frases de autoajuda, metáforas pobres e apelação emocional. Bechdel parece ter uma boa formação cultural e aplica isso muito bem em seu trabalho, como poucos escritores de HQ sabem fazer. São vários níveis de interpretação e eles exigem uma inteligência do leitor que hoje é bem subestimada, dando lugar ao emocionalismo barato. Seu trabalho não tem nada disso, ela conhece o efeito poderoso das palavras unidas com as imagens certas e tem um sentido tragicômico em seu texto que poucos escritores contemporâneos possuem.

É mais uma criatura que parece ser infinitamente chata com suas ideologias, como Alan Moore é, mas que sabe escrever boas histórias em quadrinhos. E hoje, isso importa.


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