Absurdos revoltantes dos quadrinhos no Brasil
Voltando a questão dos quadrinhos nacionais, não posso deixar de anotar duas situações que me deixaram realmente furioso nos últimos dias.
1- Ler um quadrinho brasileiro é mais barato no exterior.
Dizem que querem incentivar os quadrinhos nacionais. Publicam aqui artistas que atualmente fazem carreira com trabalhos autorais no exterior. Mas o absurdo e prova do desrespeito ao leitor brasileiro é o preço.
Anos atrás Rafael Grampá publicou por conta própria o gibi Mesmo Delivery e levou para os EUA, ele chamou a atenção de artistas e editoras, vendeu os direitos para o cinema e ganhou o Prêmio Eisner pela coletânea 5, de que participou. A fama fez com que Mesmo Delivery fosse publicado no Brasil pela editora Desiderata.
Mas o bizarro da situação foi que aqui a Graphic Novel era mais cara do que nos Estados Unidos, país onde, não preciso nem dizer, a população tem muito mais renda. Com a palavra o próprio artista, na revista O Grito.
"Mais de um mês depois, Mesmo chegaria ao Brasil, pela editora Desiderata, que mesmo sem falar em números exatos afirma que foi um de seus livros que mais vendeu. “Quando lançei o gibi aqui minha vida já tinha mudado bastante, por conta de todo esse hype, do Eisner”, recorda Grampá. Mesmo tendo “vendido pra caralho”, Grampá discorda do preço, muito salgado para o mercado nacional. “Não aguento esse papo cansado de que HQ não vende. Acho que o editor tem que fazer a parte dele”, reclama. “Os editores sabem que ganham na quantidade da venda, por isso eles fazem uma base de lucro que não leva em conta que se o preço fosse baixo venderiam mais”. Grampá entregou a arte de seu livro pronta, sem receber adiantamento de produção. “Eles botam 40 paus pra que? Pra não vender”. A edição norte-americana, pela ADHouse Books custa 12,50 dólares."
(na cotação de hoje, 12,50 dólares equivale a R$ 21,37)
Agora a façanha se repete.
Fábio Moon e Gabriel Bá publicaram no ano passado, pelo selo Vertigo, a série Daytripper. O sucesso foi enorme e até hoje eles colecionam os mais importantes prêmios. O encadernado foi lançado em fevereiro deste ano e foi best seller do New York Times, com preço de capa de 19,99 dólares, na cotação de hoje, o equivalente a R$ 34,20.
No Brasil a Panini acabou de lançar o mesmo encadernado, mas para enganar os consumidores brasileiros cara-de-cu, enfiou uma capa dura e colocou o preço lá no alto: R$ 62,00!!!!
É assim, meus amigos, que se incentiva os quadrinhos no Brasil, fazendo com que seja mais barato ler os autores brasileiros ... NO EXTERIOR!
Não é revoltante???
2- Grande evento recruta escravos voluntários
Passeando por um fórum sobre HQs, dei de cara com um tópico que me deixou de cabelo em pé. O FIQ, Festival Internacional de Quadrinhos, um dos grandes eventos da área realizados no Brasil, publicou a poucos dias a seguinte chamada em seu blog oficial:
"O FIQ é o maior evento de quadrinhos da América Latina e, como qualquer um desse porte, precisa de muitas pessoas dispostas a fazer com que ele aconteça, além de gente que cuide para que o Festival se supere a cada edição. Pensando nisso, o FIQ lança a proposta: estamos convocando voluntários para trabalhar conosco. Ótima oportunidade para adquirir conhecimento, além de poder participar dos bastidores de um grande evento.
Os interessados devem enviar um email para voluntariofiq@gmail.com, com nome, idade, mini currículo, disponibilidade e telefone. As inscrições serão analisadas e selecionadas pessoalmente pela organização do evento.
Lembrando que o FIQ acontece em BH, na Serraria Souza Pinto, de 09 a 13 de novembro."
É isso ai, veja o nível de profissionalismo destes eventos no Brasil. Pra quem não sabe, o FIQ deste ano será realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, com apoio do Governo do Estado de Minas Gerais e patrocínio da OI, uma das maiores empresas do Brasil. E mesmo assim, eles tem a cara de pau de recrutar trabalho voluntário!!!
Cadê o dinheiro desse evento???? Cadê o profissionalismo???
Se eles querem formar mão de obra, ótimo, mas contratem estagiários, contratem pessoas, mas não venham com essa de chamar gente desocupada pra trabalhar de graça, tendo como pano de fundo o apoio de uma empresa milionária e o poder público.
Esse é o tipo de coisa que me revolta nos quadrinhos nacionais, coisas absolutamente bizarras, contraditórias e indecentes, que me fazem duvidar do futuro dos quadrinhos nesta terra desolada!
O que você acha?
1- Ler um quadrinho brasileiro é mais barato no exterior.
Dizem que querem incentivar os quadrinhos nacionais. Publicam aqui artistas que atualmente fazem carreira com trabalhos autorais no exterior. Mas o absurdo e prova do desrespeito ao leitor brasileiro é o preço.
Anos atrás Rafael Grampá publicou por conta própria o gibi Mesmo Delivery e levou para os EUA, ele chamou a atenção de artistas e editoras, vendeu os direitos para o cinema e ganhou o Prêmio Eisner pela coletânea 5, de que participou. A fama fez com que Mesmo Delivery fosse publicado no Brasil pela editora Desiderata.
Mas o bizarro da situação foi que aqui a Graphic Novel era mais cara do que nos Estados Unidos, país onde, não preciso nem dizer, a população tem muito mais renda. Com a palavra o próprio artista, na revista O Grito.
"Mais de um mês depois, Mesmo chegaria ao Brasil, pela editora Desiderata, que mesmo sem falar em números exatos afirma que foi um de seus livros que mais vendeu. “Quando lançei o gibi aqui minha vida já tinha mudado bastante, por conta de todo esse hype, do Eisner”, recorda Grampá. Mesmo tendo “vendido pra caralho”, Grampá discorda do preço, muito salgado para o mercado nacional. “Não aguento esse papo cansado de que HQ não vende. Acho que o editor tem que fazer a parte dele”, reclama. “Os editores sabem que ganham na quantidade da venda, por isso eles fazem uma base de lucro que não leva em conta que se o preço fosse baixo venderiam mais”. Grampá entregou a arte de seu livro pronta, sem receber adiantamento de produção. “Eles botam 40 paus pra que? Pra não vender”. A edição norte-americana, pela ADHouse Books custa 12,50 dólares."
(na cotação de hoje, 12,50 dólares equivale a R$ 21,37)
Agora a façanha se repete.
Fábio Moon e Gabriel Bá publicaram no ano passado, pelo selo Vertigo, a série Daytripper. O sucesso foi enorme e até hoje eles colecionam os mais importantes prêmios. O encadernado foi lançado em fevereiro deste ano e foi best seller do New York Times, com preço de capa de 19,99 dólares, na cotação de hoje, o equivalente a R$ 34,20.
No Brasil a Panini acabou de lançar o mesmo encadernado, mas para enganar os consumidores brasileiros cara-de-cu, enfiou uma capa dura e colocou o preço lá no alto: R$ 62,00!!!!
É assim, meus amigos, que se incentiva os quadrinhos no Brasil, fazendo com que seja mais barato ler os autores brasileiros ... NO EXTERIOR!
Não é revoltante???
2- Grande evento recruta escravos voluntários
Passeando por um fórum sobre HQs, dei de cara com um tópico que me deixou de cabelo em pé. O FIQ, Festival Internacional de Quadrinhos, um dos grandes eventos da área realizados no Brasil, publicou a poucos dias a seguinte chamada em seu blog oficial:
"O FIQ é o maior evento de quadrinhos da América Latina e, como qualquer um desse porte, precisa de muitas pessoas dispostas a fazer com que ele aconteça, além de gente que cuide para que o Festival se supere a cada edição. Pensando nisso, o FIQ lança a proposta: estamos convocando voluntários para trabalhar conosco. Ótima oportunidade para adquirir conhecimento, além de poder participar dos bastidores de um grande evento.
Os interessados devem enviar um email para voluntariofiq@gmail.com, com nome, idade, mini currículo, disponibilidade e telefone. As inscrições serão analisadas e selecionadas pessoalmente pela organização do evento.
Lembrando que o FIQ acontece em BH, na Serraria Souza Pinto, de 09 a 13 de novembro."
É isso ai, veja o nível de profissionalismo destes eventos no Brasil. Pra quem não sabe, o FIQ deste ano será realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, com apoio do Governo do Estado de Minas Gerais e patrocínio da OI, uma das maiores empresas do Brasil. E mesmo assim, eles tem a cara de pau de recrutar trabalho voluntário!!!
Cadê o dinheiro desse evento???? Cadê o profissionalismo???
Se eles querem formar mão de obra, ótimo, mas contratem estagiários, contratem pessoas, mas não venham com essa de chamar gente desocupada pra trabalhar de graça, tendo como pano de fundo o apoio de uma empresa milionária e o poder público.
Esse é o tipo de coisa que me revolta nos quadrinhos nacionais, coisas absolutamente bizarras, contraditórias e indecentes, que me fazem duvidar do futuro dos quadrinhos nesta terra desolada!
O que você acha?
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2 Comentários:
Confesso q não comprei Mesmo Delivery justamento pelo preço. O problema é que a Desiderata realmente é uma editora careira, por isso, nunca compro nada dela, mesmo desejando!!!
O Brasil é uma Terra que deve ter sido onde Lúcifer caiu com seus anjos aliados revoltosos. Quer dizer que a tal FIQ que recebe dinheiro público e privado quer trabalhadores escravos para que seus organizadores lucrem ainda mais? Esses mesmos organizadores que tem a cara de pau de apoiar ditaduras e reclamar do capitalismo? Ah! Já entendi, eles odeiam o capitalismo, mas adoram o dinheiro dos impostos dos trabalhadores e de empresas privadas e querem escravizar tolos para que mais dinheiro engordem suas rechonchudas contas. É por isso que eu quero ir embora desse país e esquecer esse idioma.
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