15 de fev. de 2012

Alan Moore detona Before Watchmen: "Isso não vai funcionar"


Ele tinha dito apenas algumas frases até agora, mas nessa nova entrevista, publicada ontem no site Fast Co Create, o barbudão Alan Moore soltou a língua e falou tudo o que pensa sobre o prelúdio de Watchmen, anunciado pela DC Comics alguns dias atrás.

Não vou fazer comentários porque já falei o que penso neste post. A imagem acima é a primeira arte dos Minutemen, por Darwyn Cooke.

Alan Moore sobre Before Watchmen:

"Minha reação [aos prelúdios] é um certo grau de desprezo cansado", diz Moore. "Já superou a raiva, é quase tragicômico. É o comércio superando a arte. Tenho orgulho do trabalho que realizei em Watchmen, mas ele está rodeado por uma nuvem tóxica de memórias e eu gostaria de não ter de passar por elas. Eu nem sequer tenho uma cópia do gibi em casa. "

"Parece um pouco desesperado ir atrás de um gibi conhecido pela sua integridade artística" "É uma série finita. Watchmen pretendia realmente fornecer uma alternativa para as histórias de super-herói como uma novela sem fim. Transformar isso em apenas mais um outro gibi de super-herói que segue eternamente comprova exatamente tudo o que eu penso sobre a indústria de quadrinhos. Tudo são franquias, lojas de quadrinhos hoje em dia quase não vendem quadrinhos, são só spin-offs e brinquedos."

"Eu acho que isso não vai funcionar", acrescenta. "Pelo que ouvi, há um certo grau de hostilidade da parte dos criadores de quadrinhos e uma repercussão negativa em sites de entretenimento. Algumas pessoas estão fazendo abaixo-assinados. Eu jamais pediria a nenhum dos leitores para fazer isso, mas eu estou realmente grato por tudo. Não lembro de ter ocorrido esse tipo de reação antes da parte dos leitores. Eu acredito que, olhando a partir da perspectiva da DC, a derrota é certa, a menos que eles tenham feito algo melhor ou tão bom quanto Watchmen. Mas, sinceramente, isso não vai acontecer, caso contrário já teria acontecido antes."

Ele também falou do contrato com a DC:

"Foi um momento nostálgico vê-lo depois de todos esses anos", diz ele. "Havia uma cláusula que, essencialmente, dizia que, se no futuro, houvessem quaisquer documentos ou contratos que eu me recussasse a assinar, a DC estaria autorizada a nomear um advogado para assiná-las em meu lugar. [Meus advogados] disseram que foi o contrato mais hostil ao artista que eles já tinham visto.

Sobre a possibilidade de processar a DC:

"Eu pensei nisso por um tempo - eu poderia, talvez, processar, embora eu suspeite que a DC se sairia muito melhor com isso", acrescenta Moore. "Eles têm toda uma bateria de advogados que poderiam continuar a lutar neste caso por décadas. E isso tudo não é porque eu esteja atrás de dinheiro. Sempre foi por causa da dignidade e integridade da obra. Eu só quero que eles não façam isso. Não há nenhum motivo pra desperdiçar recursos durante décadas, quando efetivamente, se houvesse um processo, eu estaria proibido de falar sobre ele, e isso é o que mais preocupa a DC."

E falou sobre o momento cultural em que vivemos:

"Há uma esterilidade cultural generalizada no meio da arte e política cultural. Mas existem alguns focos de resistência nas margens extremas, como os movimentos de protesto cibernético, na imprensa pequena, nos quadrinhos independentes, que parecem mostrar alguns sinais de esperança para o futuro", diz ele. "Todo o trabalho realmente interessante está sendo feito de forma marginal, nas editoras independentes, por artistas independentes e com redes de distribuição alternativas.

"Há uma crescente insatisfação e desconfiança com relação a indústria editorial convencional, em que você tende a ter um monte de marcas antes conceituadas agora em propriedade de grandes conglomerados", diz ele. "Como resultado, há um número crescente de escritores profissionais agora indo para editoras pequenas, publicando seus próprios trabalhos ou tentando outros tipos de estratégias [de distribuição].

"O mesmo é verdadeiro para a música e para o cinema", acrescenta. "Parece que todo filme é um remake de algo que era melhor quando foi lançado originalmente em uma língua estrangeira, como um programa de TV dos anos 1960, ou mesmo como uma história em quadrinhos. Agora você tem filmes baseados em passeios de parques temáticos. As únicas coisas não aproveitadas são os mascotes de cereais do café da manhã. Ainda em vida, veremos Johnny Depp interpretando [o personagem de cereal] Capitão Crunch".


A entrevista também epresentou justificativas de Dan Didio e Jim Lee, afirmando que Before Watchmen é uma forma de manter a série original relevante e que tudo tem sido feito com todo respeito, com a melhor equipe criativa. Personagens de quadrinhos sempre foram feitos por várias mentes criativas e isso sempre foi enriquecedor. O que eu concordo.

Só tenho um comentário a fazer: Alan Moore trabalha com personagens e ideias já existentes em suas obras, essa coisa dele dizer que tudo hoje é remake de algo anterior não passa de rabugice. "Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço".

Artistas independentes tem produzido coisas boas, mas o cinema corporativo também tem mentes criativas, como Martin Scorsese, Christopher Nolan, Terrence Malick, David Cronemberg, David Fincher, Tim Burton, David Lynch, Las Von Trier, Paul Thomas Anderson. Essa coisa de dizer que tudo hoje em dia é ruim já encheu. Já encheu.

...

1 Comentário:

gabserra disse...

cara pense bem cuantos filmes desentes ten cada ano 1 com muita sorte cuantas series de cuadrinhos tem un valor significativo hoje en dia cara parcticamente tudo cuanto e hq estao so pra ocupar um espaso compra e depois esquece carecem dese brillo creativo que existia antes o pior de tudo e que vende o que nos compramos vai saber cuantos grandes artistas tiveram seus proyetos pisoteados por uma mera reebot ou un x-men vs avengers.

Postar um comentário

Deixe a sua opinião, sem ofensas, por favor.

  ©Caixa de Gibis - Todos os direitos reservados.

Sobe