DC zera tudo e ... muda alguma coisa?
Em 1985, os saudosos leitores devem lembrar, a DC Comics reiniciou a cronologia do seu universo de personagens, foi o megaevento conhecido como Crise nas Infinitas Terras. A partir dai os personagens mais importantes passaram a ter uma versão pré e pós-crise, pois suas origens foram redefinidas. Foi uma mudança idealizada por Marv Wolfman e George Peréz que visava atualizar os personagens, arrumar a sua cronologia bagunçada desde a Era de Prata e estabelecer um ponto inicial de referência para novos leitores.
Vinte e cinco anos depois chegamos lá denovo?
Ontem a DC Comics anunciou que após a saga Flashpoint, todas as suas revistas, 51 no total, terão numeração zerada! É isso ai, a partir de setembro, tudo recomeça com o número 1, inclusive revistas clássicas como a Detective Comics, atualmente no número 877 e a Action Comics, que já ultrapassa o número 900.
Mas não é só isso, haverá também uma reformulação geral dos personagens do Universo DC e uma nova revista, Justice League #1, será comandada pelos dois maiores astros da equipe criativa da editora, Geoff Johns e Jim Lee.
Os membros desta Liga serão Batman, Superman, Lanterna Verde, Flash, Mulher-Maravilha e Aquaman, além de outos heróis que poderão ser convocados, dependendo do vilão a ser enfrentado. A imagem acima é a primeira dessa nova série. Notou a diferença?
Sim, Jim Lee reformulou o visual dos personagens, e não foram só esses, são 50, todos redesenhados pelo china! É uma mudança radical que causou estardalhaço na mídia especializada. Os heróis também terão suas origens recontadas, alguns podem deixar de existir. Segundo o editor Dan Didio, o objetivo é atualizar os personagens para um público mais jovem e moderno: “Vamos voltar para um ponto em que nossos heróis são mais jovens e se identifiquem mais com o público de hoje"
E não é só isso. Lembra de Joe Quesada na Marvel acabando com o casamento de Peter Parker? Pois é, segundo o Bleeding Cool, a DC chamou ninguém menos que Grant Morrison para acabar com o casamento de... Clark Kent!
Isso mesmo, Morrison vai chutar Lois Lane pro lado nessa nova fase da DC, e para quê? Para juntar Superman e Mulher-Maravilha em um relacionamento! Isso vai ocorrer em um novo título do Superman capitaneado pelo careca escôces. Será que ele vai por em prática as suas experiências era de prateanas comentadas nessa entrevista?
Além dos personagens, artistas também serão renanejados. Veja só lista de mudanças nas equipes criativas anunciadas até agora:
Novo título do Superman escrito por Grant Morrison.
Birds of Prey #1 – Não terá relação com o trabalho de Gail Simone.
Teen Titans #1 – O recomeço dos jovens super-heróis será escrito por Fabian Nicieza, de Red Robin.
Justice Society of America #1 – Primeiro de uma série de títulos que terá equipe criativa rotativa. Marc Guggenheim não fará parte desta nova fase.
Wonder Woman #1 – As mudanças promovidas por J. Michael Straczynski serão ignoradas com o relançamento.
Green Lantern #1 – Mesmo com o relançamento, o título continuará nas mãos de Geoff Johns e as repercussões de A Noite Mais Densa continuarão em desenvolvimento.
Hawkman #1 – James Robinson escreve, talvez desenhado por Philip Tan.
Aquaman #1 – Escrito por Geoff Johns e desenhado por Ivan Reis.
Bem, é isso ai, tem muita gente sacaneando dizendo que a DC não tem artistas de renome na atualidade para fazer uma reformulação a altura da Crise e que essas mudanças vão se tornar o correspondente da DC ao fracasso de Heróis Renascem da Marvel.
Bem, não vejo por esse lado, que eles fracassem na tentativa de criar boas histórias, não vendam nada e desfaçam tudo depois é quase certo acontecer. Mas não foi isso que me chamou a atenção nessas mudanças anunciadas, foi outro aspecto. E eu deixei a notícia pro final:
Outra coisa que foi anunciada talvez seja a mais importante de todas, é o seguinte: a DC vai passar a lançar as suas publicações no formato digital no mesmo dia que as revistas de papel! Será a primeira grande editora americana a fazer isso. Simples assim, o que antes tinha um delay, agora vai ocorrer simultaneamente.
Quer saber o que eu acho disso tudo? Acho que toda essa reformulação, atualização de personagens e começar tudo do zero vai ocorrer porque a DC sacou que gibi não vende mais tanto quanto antes e que a geração atual não compreende mais essa coisa toda de "mitologia" que vem lá do tempo dos avós. Heróis com valores antiquados e pouco interessantes pra molecada de hoje são marcas que correm o risco de se tornarem obsoletas, sobrevivendo apenas nos filmes, onde sua história é mastigada e simplificada, quase não tendo relações com os quadrinhos.
A geração de hoje quer ver filmes em 3D, séries infanto-juvenis como Smallville e ler gibis no iPad ao mesmo tempo em que assistem videos daquela coisa nojenta chamada Lady Gaga no youtube e cutucam meninas no Facebook. Não querem comprar uma revista de número 900, eles não sabem o que é isso, querem coisas novas, fresquinhas. Não querem ver desenhos parados em um papel quando podem vê-los em movimento e em 3D. E além disso, guardar papel velho em casa como nós, velhos adoradores de gibis nos acostumamos a fazer por décadas, já não interessa tanto.
Os caras da DC sacaram que era necessário mesmo injetar "uma nova vida" nesses heróis, trazê-los para essa nova geração. Eu nunca imaginei que um dia eles iriam zerar a numeração de Action Comics, pra mim isso é um sacrilégio. É lógico que eles podem vir a retomar a numeração antiga a qualquer momento, como todos dizem, "ah, é só marketing, depois retomam tudo denovo como era antes". Mas algo me diz que isso não vai acontecer. O que eu acho é que a velha tradição das revistas em quadrinhos vai ser superada pelas novas tecnologias.
Os quadrinhos vão existir, mas eles serão lidos nos tablets, ou qualquer outra coisa que surja por ai, mas como publicação de papel, eles tem seus dias contados a partir dessas modificações da DC. Lançar os quadrinhos no formato digital junto com o papel vai levar as HQs para a mesma posição dos livros, que hoje vendem cada vez menos. Há livrarias fechando no mundo inteiro por que as pessoas querem ler no Kindle, no iPad. Gibis também já vendem cada vez menos e agora vão vender menos ainda.
Quem vai ler gibis de papel no futuro? Meninos e meninas de treze anos com certeza é que não. Acho que os gibis vão sobreviver como objetos de luxo, cada vez mais caros, albuns e graphic novels com cara de livro de arte e preços exorbitantes, voltados para os leitores velhos como eu e você que leu esse texto até aqui sem parar pra tuitar nada.
Não vai demorar muito para as versões digitais dos quadrinhos de super-heróis oferecerem conteúdo exclusivo, easter eggs, promoções on-line e preços muito abaixo dos gibis de papel. E quem vai comprar papel? O que acontecerá com os donos de Comic Shops nos EUA? Eles já estão reclamando e nem todo mundo da indústria mesmo viu com bons olhos essa decisão da DC. Brian Michael Bendis, escritor que trabalha pra Marvel, afirmou que a DC vai ferrar com o mercado. Bob Wayne, vice presidente de vendas da DC respondeu dizendo que os varejistas vão receber incentivos promocionais.
E como isso vai afetar o Brasil? O que será da Panini, que publica os gibis com um ano de atraso? Por que a DC não poderia simplesmente contratar um tradutor e um editor brasileiro e oferecer as séries para nós na mesma data que sai lá nos EUA, no formato digital? Com uma fábrica do iPad chegando ao Brasil e as crianças cada vez mais atualizadas com novas tecnologias, por que faturar apenas com o licenciamento se a empresa pode abocanhar todo esse mercado emergente?
As mudanças efetuadas a partir de setembro pela DC, com relação a personagens, mitologia e equipes criativas podem ser desfeitas daqui a pouco tempo, mas o que se vê de significativo nisso tudo é uma grande transformação no mercado de quadrinhos. Uma nova e verdadeira Crise nas Infinitas Terras.
Vinte e cinco anos depois chegamos lá denovo?
Ontem a DC Comics anunciou que após a saga Flashpoint, todas as suas revistas, 51 no total, terão numeração zerada! É isso ai, a partir de setembro, tudo recomeça com o número 1, inclusive revistas clássicas como a Detective Comics, atualmente no número 877 e a Action Comics, que já ultrapassa o número 900.
Mas não é só isso, haverá também uma reformulação geral dos personagens do Universo DC e uma nova revista, Justice League #1, será comandada pelos dois maiores astros da equipe criativa da editora, Geoff Johns e Jim Lee.
Os membros desta Liga serão Batman, Superman, Lanterna Verde, Flash, Mulher-Maravilha e Aquaman, além de outos heróis que poderão ser convocados, dependendo do vilão a ser enfrentado. A imagem acima é a primeira dessa nova série. Notou a diferença?
Sim, Jim Lee reformulou o visual dos personagens, e não foram só esses, são 50, todos redesenhados pelo china! É uma mudança radical que causou estardalhaço na mídia especializada. Os heróis também terão suas origens recontadas, alguns podem deixar de existir. Segundo o editor Dan Didio, o objetivo é atualizar os personagens para um público mais jovem e moderno: “Vamos voltar para um ponto em que nossos heróis são mais jovens e se identifiquem mais com o público de hoje"
E não é só isso. Lembra de Joe Quesada na Marvel acabando com o casamento de Peter Parker? Pois é, segundo o Bleeding Cool, a DC chamou ninguém menos que Grant Morrison para acabar com o casamento de... Clark Kent!
Isso mesmo, Morrison vai chutar Lois Lane pro lado nessa nova fase da DC, e para quê? Para juntar Superman e Mulher-Maravilha em um relacionamento! Isso vai ocorrer em um novo título do Superman capitaneado pelo careca escôces. Será que ele vai por em prática as suas experiências era de prateanas comentadas nessa entrevista?
Além dos personagens, artistas também serão renanejados. Veja só lista de mudanças nas equipes criativas anunciadas até agora:
Novo título do Superman escrito por Grant Morrison.
Birds of Prey #1 – Não terá relação com o trabalho de Gail Simone.
Teen Titans #1 – O recomeço dos jovens super-heróis será escrito por Fabian Nicieza, de Red Robin.
Justice Society of America #1 – Primeiro de uma série de títulos que terá equipe criativa rotativa. Marc Guggenheim não fará parte desta nova fase.
Wonder Woman #1 – As mudanças promovidas por J. Michael Straczynski serão ignoradas com o relançamento.
Green Lantern #1 – Mesmo com o relançamento, o título continuará nas mãos de Geoff Johns e as repercussões de A Noite Mais Densa continuarão em desenvolvimento.
Hawkman #1 – James Robinson escreve, talvez desenhado por Philip Tan.
Aquaman #1 – Escrito por Geoff Johns e desenhado por Ivan Reis.
Bem, é isso ai, tem muita gente sacaneando dizendo que a DC não tem artistas de renome na atualidade para fazer uma reformulação a altura da Crise e que essas mudanças vão se tornar o correspondente da DC ao fracasso de Heróis Renascem da Marvel.
Bem, não vejo por esse lado, que eles fracassem na tentativa de criar boas histórias, não vendam nada e desfaçam tudo depois é quase certo acontecer. Mas não foi isso que me chamou a atenção nessas mudanças anunciadas, foi outro aspecto. E eu deixei a notícia pro final:
Outra coisa que foi anunciada talvez seja a mais importante de todas, é o seguinte: a DC vai passar a lançar as suas publicações no formato digital no mesmo dia que as revistas de papel! Será a primeira grande editora americana a fazer isso. Simples assim, o que antes tinha um delay, agora vai ocorrer simultaneamente.
Quer saber o que eu acho disso tudo? Acho que toda essa reformulação, atualização de personagens e começar tudo do zero vai ocorrer porque a DC sacou que gibi não vende mais tanto quanto antes e que a geração atual não compreende mais essa coisa toda de "mitologia" que vem lá do tempo dos avós. Heróis com valores antiquados e pouco interessantes pra molecada de hoje são marcas que correm o risco de se tornarem obsoletas, sobrevivendo apenas nos filmes, onde sua história é mastigada e simplificada, quase não tendo relações com os quadrinhos.
A geração de hoje quer ver filmes em 3D, séries infanto-juvenis como Smallville e ler gibis no iPad ao mesmo tempo em que assistem videos daquela coisa nojenta chamada Lady Gaga no youtube e cutucam meninas no Facebook. Não querem comprar uma revista de número 900, eles não sabem o que é isso, querem coisas novas, fresquinhas. Não querem ver desenhos parados em um papel quando podem vê-los em movimento e em 3D. E além disso, guardar papel velho em casa como nós, velhos adoradores de gibis nos acostumamos a fazer por décadas, já não interessa tanto.
Os caras da DC sacaram que era necessário mesmo injetar "uma nova vida" nesses heróis, trazê-los para essa nova geração. Eu nunca imaginei que um dia eles iriam zerar a numeração de Action Comics, pra mim isso é um sacrilégio. É lógico que eles podem vir a retomar a numeração antiga a qualquer momento, como todos dizem, "ah, é só marketing, depois retomam tudo denovo como era antes". Mas algo me diz que isso não vai acontecer. O que eu acho é que a velha tradição das revistas em quadrinhos vai ser superada pelas novas tecnologias.
Os quadrinhos vão existir, mas eles serão lidos nos tablets, ou qualquer outra coisa que surja por ai, mas como publicação de papel, eles tem seus dias contados a partir dessas modificações da DC. Lançar os quadrinhos no formato digital junto com o papel vai levar as HQs para a mesma posição dos livros, que hoje vendem cada vez menos. Há livrarias fechando no mundo inteiro por que as pessoas querem ler no Kindle, no iPad. Gibis também já vendem cada vez menos e agora vão vender menos ainda.
Quem vai ler gibis de papel no futuro? Meninos e meninas de treze anos com certeza é que não. Acho que os gibis vão sobreviver como objetos de luxo, cada vez mais caros, albuns e graphic novels com cara de livro de arte e preços exorbitantes, voltados para os leitores velhos como eu e você que leu esse texto até aqui sem parar pra tuitar nada.
Não vai demorar muito para as versões digitais dos quadrinhos de super-heróis oferecerem conteúdo exclusivo, easter eggs, promoções on-line e preços muito abaixo dos gibis de papel. E quem vai comprar papel? O que acontecerá com os donos de Comic Shops nos EUA? Eles já estão reclamando e nem todo mundo da indústria mesmo viu com bons olhos essa decisão da DC. Brian Michael Bendis, escritor que trabalha pra Marvel, afirmou que a DC vai ferrar com o mercado. Bob Wayne, vice presidente de vendas da DC respondeu dizendo que os varejistas vão receber incentivos promocionais.
E como isso vai afetar o Brasil? O que será da Panini, que publica os gibis com um ano de atraso? Por que a DC não poderia simplesmente contratar um tradutor e um editor brasileiro e oferecer as séries para nós na mesma data que sai lá nos EUA, no formato digital? Com uma fábrica do iPad chegando ao Brasil e as crianças cada vez mais atualizadas com novas tecnologias, por que faturar apenas com o licenciamento se a empresa pode abocanhar todo esse mercado emergente?
As mudanças efetuadas a partir de setembro pela DC, com relação a personagens, mitologia e equipes criativas podem ser desfeitas daqui a pouco tempo, mas o que se vê de significativo nisso tudo é uma grande transformação no mercado de quadrinhos. Uma nova e verdadeira Crise nas Infinitas Terras.
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