8 de set. de 2010

Um novo blog, uma nova visão


Muitos são os que dizem que não existe crítica de Histórias em Quadrinhos no Brasil, esta afirmação não pode ser propriamente questionada. De fato, um trabalho crítico apropriado sobre as Histórias em Quadrinhos em nosso país é coisa rara. A maioria dos profissionais, artistas, jornalistas e pesquisadores do ramo se limita a informar, fazer resenhas, traçar cronologias e documentar realizações em uma perspectiva histórica, deixando de lado a atividade crítica propriamente dita. É raro de se ver análises que levem em consideração todo o campo de possibilidades e complexidades que hoje estão presentes na arte das HQs, e quando isto acontece, é em trabalhos acadêmicos, sob parâmetros pouco acessíveis ou inadequados para o meio.

A arte das Histórias em Quadrinhos é essencialmente antiacadêmica, pouco ou nada afeita a uma leitura baseada nos paradigmas oficiais que regem a atividade intelectual dita “científica”. Seu aspecto de informalidade é uma característica inata, inseparável do meio e essencial para sua compreensão. Os anos de desprezo que a classe acadêmica dispensou aos “ gibis” qualificaram as HQs de um certo poder que as outras linguagens artísticas não possuem (nem mesmo o cinema), o poder de jamais se render a uma leitura esterilizante que a separasse de sua maior virtude, o fato de ser uma forma de Arte Popular. Este campo de força protege os quadrinhos do triste destino das artes plásticas, que hoje jaz moribunda no intelectualismo estéril, separada do grande público e abandonada em espaços elitizados e distantes das pessoas reais, sempre necessitando da explicação de um especialista para que sua leitura se torne possível.

No entanto, chegou a hora em que os quadrinhos não podem mais prescindir de uma abordagem já comum ao cinema, uma visão apropriada ao meio, independente do academicismo febril e das superinterpretações elocubratórias em que uma mixórdia de citações e palavras de difícil compreensão tomam o lugar da própria obra e julgam uma forma de arte pelo que ela realmente não é. Esta atividade crítica que essencialmente compreende uma arte nascida como entretenimento mas que supera sua condição e alcança novos horizontes começou a se esboçar na revista Cahiers du Cinéma, através do trabalho de François Truffautt e André Bazin, onde o cinema era analisado com uma nova visão, digna sim dos espaços de estudo acadêmico, mas sem perder seu apelo essencial, de uma arte narrativa popular onde o conteúdo e a forma dialogam e são interdependentes, não se excluindo ou se impondo em detrimento um do outro. Esta abordagem crítica deu a luz a uma nova forma de fazer cinema conhecida como Nouvelle Vague, que mais tarde estabeleceu as bases estéticas do cinema comercial moderno.

Este blog nasce com a missão de levar em frente um trabalho crítico sobre Histórias em Quadrinhos, sem se limitar a apenas resenhar e informar, e ao mesmo tempo sem chegar ao extremo de tomar as HQs pelo que elas não são. É lógico que também iremos informar e trazer novidades, mas sempre com um certo diferencial. Já existem muitos sites que registram os últimos lançamentos deste universo, o problema é que eles não superam aquele velho e carcomido tom de imparcialidade jornalística. O Caixa de Gibis pretende romper com esta visão, trazendo uma abordagem muitas vezes pessoal, própria do editor, assim como de nossos futuros colaboradores, tentando construir e destruir opiniões, insights, considerações e, quem sabe, que possa proporcionar, no futuro, a luz para novas ideias que fortaleçam a base de novas criações artísticas para esta fantástica e maravilhosa linguagem.

Os contatos devem ser feitos pelo e-mail caixadegibis@gmail.com. Esperamos que você nos acompanhe, colabore, não deixe de opinar e esteja sempre com a mente aberta para uma nova visão.


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