8 de dez. de 2011
7 de dez. de 2011
Rorschach: Propaganda política barata em Watchmen!
“If you think there’s a huge amount of difference between [an artist] and Joseph Goebbels, you’re kidding yourself. Any form of art is propaganda.”
Alan Moore - 2002
Alan Moore - 2002
Relí algumas coisas de Watchmen depois da polêmica de Alan Moore com Frank Miller e cheguei a uma conclusão estarrecedora. Alan Moore enganou todo mundo! Watchmen é uma saraivada de disparates contra a inteligência de um leitor bem informado, com o mínimo de conhecimento sobre política. Alan Moore se utilizou da série de maneira a propagar sua agenda esquerdista.
O maior exemplo de todos é o personagem Rorschach, a caricatura tosca e deformada de uma pessoa conservadora, uma caricatura extremamente clichê e negativa, uma distorção da realidade feita cuidadosamente com o intuito de denegrir pessoas desse tipo.
Walter Joseph Kovacs era filho de uma prostituta, teve uma infância muito pobre e conturbada, vítima de violência doméstica, não conheceu o pai. Após uma briga de rua, foi parar em um orfanato. Passou a juventude em subempregos, até se tornar um combatente do crime. Ele agora é um doente mental que vive todo sujo pela rua pregando o fim do mundo. Tem uma visão deturpada das coisas, baseada em conceitos simplistas de moral. Rorschach é cruel e mata sem dó. Veja alguns trechos doentios de seu diário:
"Carcaça de um cão morto no beco hoje de manhã com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face. As ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar. A imundice de todo sexo e matanças vai espumar até a cintura e as putas e os políticos vão olhar para cima gritando "salve-nos"... e eu vou olhar para baixo e dizer "não".
Eles tiveram escolha, todos. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes, que acreditavam no suor do trabalho honesto. Mas seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber que a trilha levava a um precipício até ser tarde demais. E não me digam que não tiveram escolha. Agora o mundo todo está na beira do abismo contemplando o inferno e os liberais, intelectuais e sedutores de fala macia... de repente não sabem mais o que dizer."
" Logo vai haver guerra. Milhões vão queimar. Milhões vão perecer de doença e miséria. Por que se importar com uma morte? Porque existe o bem e o mal, e o mal tem de ser punido. Mesmo à beira do fim, isso não vai mudar. Mas muitos merecem punição... e há tão pouco tempo."
"Esta cidade é um animal feroz e complicado. Para entendê-la eu leio seus dejetos, seus aromas, o movimento de seus parasitas... Sentei olhando o lixo e Nova York abriu seu coração."
Essa é a visão que Alan Moore tem das pessoas conservadoras. Pra ele não passam de cachorros loucos assassinos, quando na verdade a maior parte dessas pessoas são educadas e até mesmo refinadas. Moore se utilizou da HQ para deturpar nossa visão dessas pessoas, tentando passar a idea de que elas são doentes mentais! Visões desse tipo nos levam a acreditar nessa ideia. É a mesma coisa que mostrar os comunistas como comedores de criancinhas viciados em drogas, uma manipulação! Segundo ele, Rorschach tem muito de Batman, mas não passa de uma versão do personagem Travis Bickle, de Taxi Driver. Um perdedor, louco, frustrado e solitário que não sabe como conter sua fúria interior, tornando-se um assassino.
Há na HQ uma condenação explícita as ações do personagem, principalmente seus assassinatos. Moore sempre afirma que ele foi o mais difícil de escrever, porque é a sua contraparte.
Já Adrian Veidt, "o homem mais inteligente do mundo", é um bilionário liberal (esquerdista) cujas ações são mostradas de forma positiva.
Ele é bonito, limpo, rico, saudável, inteligente e de moral relativista. Usou drogas na juventude e buscou a sabedoria mística. Filho de uma família rica, desde cedo demonstrou sabedoria e talento. Após a morte dos pais, deixou sua fortuna para os pobres e decidiu provar pra sí mesmo que podia juntar dinheiro sozinho. Tornou-se um empresário bem sucedido e um capitalista do bem, desenvolvendo formas limpas de energia. Como combatente do crime, tentou organizar os outros heróis em prol de questões sociais.
Ele encarna a visão liberal de Moore sobre os problemas da sociedade: o que estaria errado seria o "sistema". Veidt desenvolve uma mega conspiração para mudar o mundo e acabar com a ameaça de guerra nuclear. No final da história é ele que prevalece.
Estranhamente, Veidt mata um milhão de vezes mais que Rorschach: 3 milhões de pessoas, porém Moore expõe o personagem como o herói da história e utiliza o Doutor Manhatan para eliminar seu opositor, que é, logicamente, Rorschach! O louco conservador ameaçava denunciar Veidt e fazê-lo pagar pelos seus crimes. Mas no final o que prevalece é a visão de Veidt/Moore. O conservador cachorro-louco perde.
O que vemos é que a hipocrisia de Moore chega ao ponto de permitir que os personagens criados para difundir suas posições ideológicas cometam todos os mais horrendos crimes e continuem ilesos, mostrando sempre uma suposta superioridade moral e intelectual (o mesmo acontece em V de vingança). Já os personagens que ele cria para simbolizar as ideias que ele combate no espectro político sempre são loucos, criminosos condenáveis e invariavelmente terminam punidos no fim da história! Um paradigma moral simplista, digno das mais simples histórias de super-heróis da Era de ouro, porém aqui convertido em propaganda barata da ideologia política do autor.
Foram estas algumas coisas que notei em rápida releitura de Watchmen, há outras coisas que deixo para artigos futuros. O bom é saber que mesmo assim, o apocalíptico Rorschach sempre foi o personagem preferido de todos os fãs da série! E no final, seu diário é encontrado...
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Escrito por Tavares 18 Comentários
Categoria: Alan Moore, Polêmicas, Watchmen
3 de dez. de 2011
Alan Moore vs Frank Miller, a batalha começa!
Como todo mundo já sabe, uma onda de protestos contra o capitalismo teve início no mundo inteiro, conhecido como o movimento "ocupe". Apesar de sua insignificância, a mídia faz questão de dar destaque e supervalorizar a importância deste movimento. Os manifestantes ocupam espaços públicos e muitos deles utilizam as máscaras do personagem V, da HQ V de Vingança, de Alan Moore, que eles conhecem através da adaptação cinematográfica.
Como já apontei aqui, qualquer um pode fazer o uso que quiser dessas máscaras, elas já eram utilizadas por anarquistas há mais de 15 anos e hoje seu uso é indiscriminado.
Uma polêmica incendiou a rede quando Frank Miller decidiu se pronunciar sobre o movimento "Ocupe", segundo ele, aquilo não passa de uma manifestação de desocupados, perdedores e vagabundos, que deveriam ir para a guerra contra a Al Qaeda. Miller foi grosseiro, mas estava correto em muitos pontos.
Em seguida, Alan Moore pronunciou sua alegria com estes protestos, principalmente porque eles fazem referência a sua criação. Seu ego ficou inflado e ele nem levou em consideração que a razão disso é a existência do filme V de Vingança, que ele tanto odeia, produzido por uma corporação capitalista, a Warner, que ele odeia mais ainda. Alan Moore foi hipócrita.
No entanto, todos esperavam que Moore comentasse a posição de Miller, o que ele fez agora, em uma nova entrevista, concedida ao site Honest Publishing. Moore deixou claro que sua visão de mundo é completamente oposta a de Frank Miller, leia a declaração:
Com relação ao movimento Ocupe, parece que você e Frank Miller tem opiniões conflitantes. Você diria que ele é contra e você é a favor?
"Bem, Frank Miller é alguém cujo trabalho eu mal olhei nos últimos 20 anos. Eu achei que Sin City era misoginia antiquada, 300 parecia não ter nenhum embasamento histórico, era homofóbico e completamente equivocado. Eu acho que há uma sensibilidade desagradável aparente no trabalho de Frank Miller já há um bom tempo. Mas desde que não tenho mais relações com a indústria de quadrinhos, eu não tenho mais nada a ver com as pessoas do ramo.
Eu ouvi falar de seus recentes desabafos acerca do movimento Ocupe. Eu esperava algo assim da parte dele. Sempre achei que se você tivesse de localizar politicamente a maioria dos profissionais de quadrinhos, você os definiria como sendo de centro-direita. Isso seria o mais á esquerda que eles poderiam chegar. Eu nunca estive em qualquer posição, nem mesmo sei se sou de centro-esquerda. Sempre fui sincero com relação a isso desde o início de minha carreira.
Então acho que seria justo dizer que Frank Miller e eu temos pontos de vista diametralmente opostos sobre todos os tipos de coisas, e com certeza sobre o movimento Ocupe."
"Até onde posso ver, o movimento Ocupe parte de pessoas comuns que estão reinvidicando direitos que sempre deveriam ter sido delas. Não consigo ver razão nenhuma para que se espere que nós, enquanto povo, devessemos ficar parados e apenas observar uma bruta redução da qualidade de vida, nossa e de nossos filhos, talvez por gerações, enquanto as pessoas que nos meteram nessa foram recompesadas por isso; com certeza elas não foram punidas de maneira alguma, porque são grandes demais para errar.
Eu acho que o movimento Ocupe é, em certo sentido, o público dizendo que eles deveriam ser quem decide quem é grande demais pra errar. É um grito de indignação moral completamente justificado e parece ser conduzido de uma maneira muito inteligente, não violenta, o que provavelmente seria uma outra razão pela qual Frank Miller estaria tão incomodado com isso.
Tenho certeza de que se fosse um monte de jovens vigilantes sociopatas com maquiagem de Batman em seus rostos, ele seria a favor. Nós definitivamente teriamos de concordar em discordar sobre isso."
Além disso, Moore deu sua opinião sobre a atual situação do mundo e propôs a solução para todos os problemas. Como sempre, ele se acha demais da conta! Porém sobre Frank Miller e o Ocupe foi só isso aí, uma porrada na cara. Não vou falar minha opinião porque todo mundo que leu o que já escrevi aqui já sabe o que penso.
Só digo algumas coisinhas sobre as opiniões dele acerca das obras de Miller: neste caso o barbudão está completamente equivocado! Sua visão politicamente limpinha de dizer que Sin City era misógino é a coisa mais tosca que já ouvi. E os milhões de estupros que ele põe em suas obras, não seria misoginia também? E as mulheres que apanham do fascista Comediante e continuam apaixonadas por ele? Isso não é misógino?
300 seria "homofóbico"? Por que, senhor Alan Moore? Representar todos os super-heróis de Watchmen como decadentes homosexuais reprimidos também não seria homofóbico? Para os padrões de vigilância de pensamento de hoje, em que não se pode representar gays de forma negativa de maneira alguma, eu acho que seria! Falta embasamento histórico? Por acaso há apenas uma abordagem daquele período histórico? Os textos clássicos mostram Esparta como uma sociedade patriarcal, como toda a Grécia antiga, onde as mulheres não tinham direito a nada, tanto que os homens até faziam sexo entre sí, por considerarem as mulheres indignas até mesmo disso. Os filósofos tinham vários conceitos de amor, o que incluia a pedofilia homosexual. Eles transavam com seus discípulos. Mas tudo isso passa longe de um modelo para o mundo moderno. Se fosse um exemplo, então deveriamos incluir a escravidão, e a própria pedofilia?
Com relação a oposição entre os dois maiores ícones dos quadrinhos dos anos 80, ela sempre foi clara. É uma pena, pois sempre sonhei ver uma graphic novel escrita por Moore e desenhada por Miller. Mas isto nunca vai acontecer. Resta-nos acompanhar este debate, que com certeza ainda vai longe. Frank Miller deve responder em breve, chamando Moore de hippie-sujo-vagabundo agente da Al Qaeda, acompanhe!
Como já apontei aqui, qualquer um pode fazer o uso que quiser dessas máscaras, elas já eram utilizadas por anarquistas há mais de 15 anos e hoje seu uso é indiscriminado.
Uma polêmica incendiou a rede quando Frank Miller decidiu se pronunciar sobre o movimento "Ocupe", segundo ele, aquilo não passa de uma manifestação de desocupados, perdedores e vagabundos, que deveriam ir para a guerra contra a Al Qaeda. Miller foi grosseiro, mas estava correto em muitos pontos.
Em seguida, Alan Moore pronunciou sua alegria com estes protestos, principalmente porque eles fazem referência a sua criação. Seu ego ficou inflado e ele nem levou em consideração que a razão disso é a existência do filme V de Vingança, que ele tanto odeia, produzido por uma corporação capitalista, a Warner, que ele odeia mais ainda. Alan Moore foi hipócrita.
No entanto, todos esperavam que Moore comentasse a posição de Miller, o que ele fez agora, em uma nova entrevista, concedida ao site Honest Publishing. Moore deixou claro que sua visão de mundo é completamente oposta a de Frank Miller, leia a declaração:
Com relação ao movimento Ocupe, parece que você e Frank Miller tem opiniões conflitantes. Você diria que ele é contra e você é a favor?
"Bem, Frank Miller é alguém cujo trabalho eu mal olhei nos últimos 20 anos. Eu achei que Sin City era misoginia antiquada, 300 parecia não ter nenhum embasamento histórico, era homofóbico e completamente equivocado. Eu acho que há uma sensibilidade desagradável aparente no trabalho de Frank Miller já há um bom tempo. Mas desde que não tenho mais relações com a indústria de quadrinhos, eu não tenho mais nada a ver com as pessoas do ramo.
Eu ouvi falar de seus recentes desabafos acerca do movimento Ocupe. Eu esperava algo assim da parte dele. Sempre achei que se você tivesse de localizar politicamente a maioria dos profissionais de quadrinhos, você os definiria como sendo de centro-direita. Isso seria o mais á esquerda que eles poderiam chegar. Eu nunca estive em qualquer posição, nem mesmo sei se sou de centro-esquerda. Sempre fui sincero com relação a isso desde o início de minha carreira.
Então acho que seria justo dizer que Frank Miller e eu temos pontos de vista diametralmente opostos sobre todos os tipos de coisas, e com certeza sobre o movimento Ocupe."
"Até onde posso ver, o movimento Ocupe parte de pessoas comuns que estão reinvidicando direitos que sempre deveriam ter sido delas. Não consigo ver razão nenhuma para que se espere que nós, enquanto povo, devessemos ficar parados e apenas observar uma bruta redução da qualidade de vida, nossa e de nossos filhos, talvez por gerações, enquanto as pessoas que nos meteram nessa foram recompesadas por isso; com certeza elas não foram punidas de maneira alguma, porque são grandes demais para errar.
Eu acho que o movimento Ocupe é, em certo sentido, o público dizendo que eles deveriam ser quem decide quem é grande demais pra errar. É um grito de indignação moral completamente justificado e parece ser conduzido de uma maneira muito inteligente, não violenta, o que provavelmente seria uma outra razão pela qual Frank Miller estaria tão incomodado com isso.
Tenho certeza de que se fosse um monte de jovens vigilantes sociopatas com maquiagem de Batman em seus rostos, ele seria a favor. Nós definitivamente teriamos de concordar em discordar sobre isso."
Além disso, Moore deu sua opinião sobre a atual situação do mundo e propôs a solução para todos os problemas. Como sempre, ele se acha demais da conta! Porém sobre Frank Miller e o Ocupe foi só isso aí, uma porrada na cara. Não vou falar minha opinião porque todo mundo que leu o que já escrevi aqui já sabe o que penso.
Só digo algumas coisinhas sobre as opiniões dele acerca das obras de Miller: neste caso o barbudão está completamente equivocado! Sua visão politicamente limpinha de dizer que Sin City era misógino é a coisa mais tosca que já ouvi. E os milhões de estupros que ele põe em suas obras, não seria misoginia também? E as mulheres que apanham do fascista Comediante e continuam apaixonadas por ele? Isso não é misógino?
300 seria "homofóbico"? Por que, senhor Alan Moore? Representar todos os super-heróis de Watchmen como decadentes homosexuais reprimidos também não seria homofóbico? Para os padrões de vigilância de pensamento de hoje, em que não se pode representar gays de forma negativa de maneira alguma, eu acho que seria! Falta embasamento histórico? Por acaso há apenas uma abordagem daquele período histórico? Os textos clássicos mostram Esparta como uma sociedade patriarcal, como toda a Grécia antiga, onde as mulheres não tinham direito a nada, tanto que os homens até faziam sexo entre sí, por considerarem as mulheres indignas até mesmo disso. Os filósofos tinham vários conceitos de amor, o que incluia a pedofilia homosexual. Eles transavam com seus discípulos. Mas tudo isso passa longe de um modelo para o mundo moderno. Se fosse um exemplo, então deveriamos incluir a escravidão, e a própria pedofilia?
Com relação a oposição entre os dois maiores ícones dos quadrinhos dos anos 80, ela sempre foi clara. É uma pena, pois sempre sonhei ver uma graphic novel escrita por Moore e desenhada por Miller. Mas isto nunca vai acontecer. Resta-nos acompanhar este debate, que com certeza ainda vai longe. Frank Miller deve responder em breve, chamando Moore de hippie-sujo-vagabundo agente da Al Qaeda, acompanhe!
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Escrito por Tavares 9 Comentários
Categoria: Alan Moore, Artigos, Frank Miller, Polêmicas
2 de dez. de 2011
Watchmen 2 - Se Rob Liefeld aprova, então tá!
O site Bleeding Cool (a fonte secreta de informações do Omelete e do Universo HQ que todo mundo conhece) teria confirmado a partir de uma fonte dentro da DC Comics que Andy Kubert seria um dos artistas de Watchmen 2.
O projeto teria quatro miniséries que contariam histórias anteriores aos acontecimentos narrados por Alan Moore na série clássica, sendo, portanto, um prelúdio. Kubert estaria desenhando um deles, tendo como protagonista um dos personagens principais. Ele não seria o único Kubert a trabalhar no projeto, seu irmão Adam, ou mesmo seu pai, o veterano Joe Kubert, também poderiam estar envolvidos.
O desenhista e roteirista Darwyn Cooke estaria no comando de uma equipe que incluiria também o escritor J. Michael Straczynski, o colorista da série original John Higgins, o desenhista original Dave Gibbons e o artista JG Jones.
A DC não confirmou nada até agora, mas quase sempre o Bleeding Cool acerta em seus rumores.
Já tinha comentado esses boatos aqui e reitero o que já disse, eu realmente não me interesso por esse projeto e não acho que vá resultar em nada além de um sucesso comercial pra DC. Hoje não há mais artistas capazes de manter o nível artístico alcançado por Watchmen.
Como prova de que Watchmen 2 tem tudo pra se tornar um sucesso comercial e uma merda estética, o boato causou uma verdadeira comoção na internet e se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter, e, ironicamente, o melhor comentário de aprovação foi feito por Rob Liefeld:
Ah Tá, se o Mestre Liefeld aprova, então Watchmen pode rolar!
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Escrito por Tavares Seja o primeiro a comentar
Categoria: Humor, Notícia, Rob Liefeld, Watchmen
1 de dez. de 2011
Action Comics #1 - De dez centavos a dois milhões
No mês de abril do Ano de Nosso Senhor de 1938, nos Estados Unidos da América, um garoto de dez anos passa por uma banca de jornais e vê o primeiro número de uma nova revista em quadrinhos. Ela se chama Action Comics e na capa traz a imagem de um homem vestido com as cores da bandeira, cueca, capa e botas vermelhas, uniforme azul e um símbolo no peito. Ele levanta um carro com seus dois braços e o destrói contra uma pedra, enquanto homens comuns correm apavorados!
O menino se empolga e folheia a revista, vendo que ela traz muitas outras aventuras em suas 64 páginas. Além de "Superman" ela também apresenta "Chuck Dawson", "Zatara - Master Magician", "South Sea Strategy", "Sticky-Mitt Stimson", "The Adventures of Marco Polo", "'Pep' Morgan", "Scoop Scanlon - Five Star Reporter", "Tex Thompson", "Stardust" e "Odds 'N Ends".
Ele corre pra casa e pede dez centavos de dólar a sua mãe, ela lhe manda comprar pão e ficar com o troco. Ele corre para a padaria, mas sobra apenas cinco centavos. Quando o pai chega do trabalho, ele implora pelos cinco centavos que faltam para comprar a revista. O pai lhe concede, com a condição de que ele termine a lição de casa.
No dia seguinte ele compra a revista ao sair da escola, e lê com emoção a história de Superman, o primeiro super-herói da história, em apenas treze páginas de aventura. Por muitos anos ele guardaria aquela revista como um tesouro precioso, mas sem saber de sua real importância.
73 anos depois, este garoto já esta morto há muito tempo, sua coleção de revistas foi vendida por uma ninharia e sua Action Comics #1 passou por várias mãos. Ela pertenceu ao ator Nicolas Cage, foi roubada e recuperada pela polícia em perfeito estado e em 30 de novembro de 2011, ela é vendida em um leilão na internet, por mais de dois milhões de dólares!
Ok, eu inventei isso, mas essa bem que poderia ser a história da revista que você vê acima, o exemplar de Action Comics #1, vendido ontem em um leilão pela assombrosa quantia de 2.161.000 dólares. Uma revista que custou apenas 10 centavos em abril de 1938 (a capa registra junho, mas a revista era vendida já em abril). Ela realmente pertenceu ao ator Nicolas Cage e foi roubada de sua casa em 2000. Recuperada pela polícia há poucos meses, foi posta em leilão esta semana neste site e se tornou a revista em quadrinho mais cara de todos os tempos.
Seu valor é devido a quase perfeita conservação, sendo avaliada em 9.0. Sem rasgos, sem manchas, páginas apenas levemente amarelecidas. É o exemplar da revista mais bem conservado que se tem notícia. Por ser a revista que publicou a primeira história de Superman e deu origem a mitologia dos super-heróis, Action Comics #1 tem um valor cultural imenso. De uma tiragem inicial de 200.000 exemplares, restam somente cerca de 100 cópias conhecidas.
Mas como já afirmei acima, havia outras atrações na revista. Superman aparece apenas na capa e nas primeiras treze páginas. É por essas treze páginas que se paga tanto, pois, das outras atrações, apenas Zatara atravessou o século XX e ainda é conhecida, mas é um personagem sem nenhum destaque. Se não fosse por Superman, esta revista não valeria nem dez mil dólares.
Nessas treze páginas tão valiosas, que você pode ler abaixo, vemos a origem de Superman e suas primeiras aventuras. Desde o início é contado que ele é um alienígena vindo de um planeta distante em colapso. Na terra foi adotado por um casal e desenvolveu poderes desde a infância. Ele é comparado com uma formiga, que suporta pesos centenas de vezes superiores ao de seu corpo. Quando adulto ele poderia: correr mais rápido que um trem, levantar grandes pesos, saltar 200 metros, e somente um morteiro poderia ferir sua pele. Muito diferente do Superman que estamos acostumados, não é? É exatamente esse Superman que Grant Morrison tenta trazer de volta na Action Comics atual.
É um Superman muito mais humano e preocupado com coisas comuns, pessoas simples e com um conceito de justiça acima de tudo. Ele invade a casa do Governador, levando provas de que uma condenada a pena de morte é inocente. Ele salva uma mulher que é espancada pelo marido e dá um castigo merecido no covarde. Ele persegue políticos corruptos e os tortura sobre os prédios da capital.
Nessas primeiras treze páginas vemos o surgimento de um universo e de uma nova cultura, por isso Action Comics é tão valiosa. É claro que há especulação e pode ser que seu comprador esteja apenas fazendo um investimento. No futuro revistas como essa poderão valer até dez vezes mais. Porém nada é mais fantástico do que o charme emanado pelos gibis da Era de Ouro, que foram de dez centavos a dois milhões.
O menino se empolga e folheia a revista, vendo que ela traz muitas outras aventuras em suas 64 páginas. Além de "Superman" ela também apresenta "Chuck Dawson", "Zatara - Master Magician", "South Sea Strategy", "Sticky-Mitt Stimson", "The Adventures of Marco Polo", "'Pep' Morgan", "Scoop Scanlon - Five Star Reporter", "Tex Thompson", "Stardust" e "Odds 'N Ends".
Ele corre pra casa e pede dez centavos de dólar a sua mãe, ela lhe manda comprar pão e ficar com o troco. Ele corre para a padaria, mas sobra apenas cinco centavos. Quando o pai chega do trabalho, ele implora pelos cinco centavos que faltam para comprar a revista. O pai lhe concede, com a condição de que ele termine a lição de casa.
No dia seguinte ele compra a revista ao sair da escola, e lê com emoção a história de Superman, o primeiro super-herói da história, em apenas treze páginas de aventura. Por muitos anos ele guardaria aquela revista como um tesouro precioso, mas sem saber de sua real importância.
73 anos depois, este garoto já esta morto há muito tempo, sua coleção de revistas foi vendida por uma ninharia e sua Action Comics #1 passou por várias mãos. Ela pertenceu ao ator Nicolas Cage, foi roubada e recuperada pela polícia em perfeito estado e em 30 de novembro de 2011, ela é vendida em um leilão na internet, por mais de dois milhões de dólares!
Ok, eu inventei isso, mas essa bem que poderia ser a história da revista que você vê acima, o exemplar de Action Comics #1, vendido ontem em um leilão pela assombrosa quantia de 2.161.000 dólares. Uma revista que custou apenas 10 centavos em abril de 1938 (a capa registra junho, mas a revista era vendida já em abril). Ela realmente pertenceu ao ator Nicolas Cage e foi roubada de sua casa em 2000. Recuperada pela polícia há poucos meses, foi posta em leilão esta semana neste site e se tornou a revista em quadrinho mais cara de todos os tempos.
Seu valor é devido a quase perfeita conservação, sendo avaliada em 9.0. Sem rasgos, sem manchas, páginas apenas levemente amarelecidas. É o exemplar da revista mais bem conservado que se tem notícia. Por ser a revista que publicou a primeira história de Superman e deu origem a mitologia dos super-heróis, Action Comics #1 tem um valor cultural imenso. De uma tiragem inicial de 200.000 exemplares, restam somente cerca de 100 cópias conhecidas.
Mas como já afirmei acima, havia outras atrações na revista. Superman aparece apenas na capa e nas primeiras treze páginas. É por essas treze páginas que se paga tanto, pois, das outras atrações, apenas Zatara atravessou o século XX e ainda é conhecida, mas é um personagem sem nenhum destaque. Se não fosse por Superman, esta revista não valeria nem dez mil dólares.
Nessas treze páginas tão valiosas, que você pode ler abaixo, vemos a origem de Superman e suas primeiras aventuras. Desde o início é contado que ele é um alienígena vindo de um planeta distante em colapso. Na terra foi adotado por um casal e desenvolveu poderes desde a infância. Ele é comparado com uma formiga, que suporta pesos centenas de vezes superiores ao de seu corpo. Quando adulto ele poderia: correr mais rápido que um trem, levantar grandes pesos, saltar 200 metros, e somente um morteiro poderia ferir sua pele. Muito diferente do Superman que estamos acostumados, não é? É exatamente esse Superman que Grant Morrison tenta trazer de volta na Action Comics atual.
É um Superman muito mais humano e preocupado com coisas comuns, pessoas simples e com um conceito de justiça acima de tudo. Ele invade a casa do Governador, levando provas de que uma condenada a pena de morte é inocente. Ele salva uma mulher que é espancada pelo marido e dá um castigo merecido no covarde. Ele persegue políticos corruptos e os tortura sobre os prédios da capital.
Nessas primeiras treze páginas vemos o surgimento de um universo e de uma nova cultura, por isso Action Comics é tão valiosa. É claro que há especulação e pode ser que seu comprador esteja apenas fazendo um investimento. No futuro revistas como essa poderão valer até dez vezes mais. Porém nada é mais fantástico do que o charme emanado pelos gibis da Era de Ouro, que foram de dez centavos a dois milhões.
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Escrito por Tavares 1 Comentário
Categoria: Curiosidades, Notícia, Superman
30 de nov. de 2011
Mutarelli volta aos quadrinhos com tragédia familiar e ETs
A boa notícia do ano vem do blog da editora Companhia das Letras. Lourenço Mutarelli volta aos quadrinhos em uma graphic Novel chamada Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente! O livro estará nas lojas a partir do próximo dia 6 de dezembro.
Confira a sinopse oficial e veja imagens do preview que depois eu comento:
"Uma tragédia interrompe o casamento antediluviano de um aposentado da Companhia Telefônica, acostumado a passar o tempo colecionando fotos antigas e consertando máquinas de costura e de escrever. A morte da mulher, golpeada por uma pedra arremessada por um ônibus, abala de tal modo aquela vida metódica que o homem perde o prumo e passa a oscilar entre a depressão e a violência. Para resgatá-lo do luto e da solidão, o irmão do viúvo o convida para uma pescaria.
Mas o agradável passeio familiar aos poucos é tomado por uma série de acontecimentos estranhos e inusitados, que começa com o desaparecimento do próprio viúvo. Alguns dias depois, o homem é encontrado, e sua sanidade é posta à prova quando o relato do que fez durante aqueles dias passa a incluir personagens como um ET e os habitantes boêmios de um barco estacionado num riacho seco.
O que acontece quando uma vida pacata e previsível sai dos trilhos? Essa parece ser uma das questões que dominam as obras recentes de Lourenço Mutarelli. Depois de anos afastado dos quadrinhos, e da grande insistência dos fãs, o autor volta com a história de um filho que resolve narrar os dias de luto do pai. Urdida com a economia de palavras e a fartura de silêncios que são marca registrada de Mutarelli, a trama espetacular e quase surreal deste livro é realçada pela construção cinematográfica e por imagens deslumbrantes, feitas de tinta acrílica em tons que ajudam a reforçar o clima de desolação.
Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente também experimenta com a linguagem tradicional das histórias em quadrinhos ao fazer com que cada quadro da história ocupe uma página inteira, tamanha sua riqueza gráfica. Não bastasse a ousadia visual, Mutarelli também organiza as imagens de forma a que não sigam rigorosamente a história que está sendo narrada, criando um quebra-cabeça que exige a participação ativa da inteligência do leitor."
Confira a sinopse oficial e veja imagens do preview que depois eu comento:
"Uma tragédia interrompe o casamento antediluviano de um aposentado da Companhia Telefônica, acostumado a passar o tempo colecionando fotos antigas e consertando máquinas de costura e de escrever. A morte da mulher, golpeada por uma pedra arremessada por um ônibus, abala de tal modo aquela vida metódica que o homem perde o prumo e passa a oscilar entre a depressão e a violência. Para resgatá-lo do luto e da solidão, o irmão do viúvo o convida para uma pescaria.
Mas o agradável passeio familiar aos poucos é tomado por uma série de acontecimentos estranhos e inusitados, que começa com o desaparecimento do próprio viúvo. Alguns dias depois, o homem é encontrado, e sua sanidade é posta à prova quando o relato do que fez durante aqueles dias passa a incluir personagens como um ET e os habitantes boêmios de um barco estacionado num riacho seco.
O que acontece quando uma vida pacata e previsível sai dos trilhos? Essa parece ser uma das questões que dominam as obras recentes de Lourenço Mutarelli. Depois de anos afastado dos quadrinhos, e da grande insistência dos fãs, o autor volta com a história de um filho que resolve narrar os dias de luto do pai. Urdida com a economia de palavras e a fartura de silêncios que são marca registrada de Mutarelli, a trama espetacular e quase surreal deste livro é realçada pela construção cinematográfica e por imagens deslumbrantes, feitas de tinta acrílica em tons que ajudam a reforçar o clima de desolação.
Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente também experimenta com a linguagem tradicional das histórias em quadrinhos ao fazer com que cada quadro da história ocupe uma página inteira, tamanha sua riqueza gráfica. Não bastasse a ousadia visual, Mutarelli também organiza as imagens de forma a que não sigam rigorosamente a história que está sendo narrada, criando um quebra-cabeça que exige a participação ativa da inteligência do leitor."
Bem eu acho que Mutarelli é simplesmente o maior quadrinista brasileiro vivo, pra não dizer um dos maiores artistas brasileiros vivos. Mas algo me decepcionou nessa primeira impressão de seu novo lançamento. Não tenho dúvida de que ele é capaz de um ótimo texto, as pinturas estão com uma qualidade tremenda, belas e comoventes, tão belas e angustiantes quanto as melhores pinturas de um Edvard Munch ou um Lucian Freud, mas não gostei muito da ideia de apenas um quadro por página.
Isto não me parece uma história em quadrinhos, mas um livro ilustrado. Onde estão as sequências, o movimento e a estrutura de uma HQ? Tudo bem, não podemos criticar sem ler, mas desde já acho que estamos diante de um fantástico livro ilustrado e não de uma história em quadrinhos. Mesmo que com certeza seja uma obra-prima.
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Isto não me parece uma história em quadrinhos, mas um livro ilustrado. Onde estão as sequências, o movimento e a estrutura de uma HQ? Tudo bem, não podemos criticar sem ler, mas desde já acho que estamos diante de um fantástico livro ilustrado e não de uma história em quadrinhos. Mesmo que com certeza seja uma obra-prima.
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Escrito por Tavares Seja o primeiro a comentar
29 de nov. de 2011
Conan alternativo ou Conan Crepúsculo ou Conan Daytripper?
Pois é isso que vemos no preview de Conan the Barbarian #1, primeiro número de uma nova adaptação do clássico Rainha da Costa Negra, de Robert Howard, feita pelo escritor Brian Wood e pela artista alternativete Becky Cloonan.
O Comics Alliance afirma que os dois autores, que já colaboraram na série Demo, sobre mutantes teens, são conhecidos por explorar a "cultura jovem contemporânea", mas esta nova série será uma autêntica adaptação de uma saga hiboriana.
Não é o que vemos nos esboços e no preview de seis páginas. Parece um Conan moderninho, alternativo, um Conan Daytripper!
Que os demônios de Crom mastiguem a cabeça de Wood e devorem as mãos de Cloonan, estou diante de uma das coisas mais frescas que já ví na vida. Eu, um velho e calejado fã de Conan da época de John Buscema nunca pensei que ia ver a Dark Horse lançar algo tão ridículo. Um Conan com cara de ator do filme Crepúsculo, desenho alternativozinho-bonitinho e uma cara de gibi adolescente.
O lançamento desse disparate será em fevereiro. Lógico que não quero nem chegar perto.
O Comics Alliance afirma que os dois autores, que já colaboraram na série Demo, sobre mutantes teens, são conhecidos por explorar a "cultura jovem contemporânea", mas esta nova série será uma autêntica adaptação de uma saga hiboriana.
Não é o que vemos nos esboços e no preview de seis páginas. Parece um Conan moderninho, alternativo, um Conan Daytripper!
Que os demônios de Crom mastiguem a cabeça de Wood e devorem as mãos de Cloonan, estou diante de uma das coisas mais frescas que já ví na vida. Eu, um velho e calejado fã de Conan da época de John Buscema nunca pensei que ia ver a Dark Horse lançar algo tão ridículo. Um Conan com cara de ator do filme Crepúsculo, desenho alternativozinho-bonitinho e uma cara de gibi adolescente.
O lançamento desse disparate será em fevereiro. Lógico que não quero nem chegar perto.
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Escrito por Tavares 1 Comentário
Alan Moore é um hipócrita!
Já falei muito sobre esse assunto aqui, perdão, corro o risco de ser repetitivo. Mas não poderia deixar de comentar as últimas afirmações de Alan Moore. Pois bem, alguns dias atrás ele deu entrevista ao jornal britânico The Guardian e demonstrou apoio ao movimento de desocupados que protestam pelo mundo utilizando a máscara de V de Vingança, o tal de "ocupe", que foi enxovalhado por Frank Miller.
Sobre os protestos, Moore afirmou (tradução pinçada por ai):
"Acho que quando estava escrevendo V de Vingança, lá nas profundezas do meu eu, posso ter pensado: não seria ótimo se estas ideias tivessem algum impacto? Então quando você vê essa vã fantasia entrar no mundo real... É uma coisa peculiar. Parece que um personagem que criei há 30 anos deu um jeito de escapar da ficção."
"Aquele sorriso é tão assustador. Tentei usar a natureza enigmática desse sorriso para efeito dramático. Podíamos mostrar uma imagem do personagem apenas parado em pé, silencioso, com uma expressão que podia ser de alegria ou de maneira mais sinistra. Ver máscaras com os manifestantes faz com que eles se pareçam um único organismo, esse tal de 99% de que ouvimos tanto falar. Nesse sentido é formidável, posso ver o motivo de estarem usando a máscara"
"Ela transforma os protestos em performances. A máscara é dramática; cria uma sensação de aventura. Manifestações, marchas, são coisas que podem ser bem cansativas, exaustivas. Desanimadoras, até. Precisam acontecer, mas isso não quer dizer que são divertidas - e deveriam ser. (...) [Com as máscaras,] parece que esse pessoal está se divertindo. E a mensagem que passam com isso é muito forte."
Sobre a exploração comercial das máscaras pela Warner:
"É meio vergonhoso para uma corporação tirar lucro de protestos anti-corporativos. Não é uma coisa à qual eles gostariam de ser associados. Mas eles não são do tipo que negam dinheiro - vai contra o instinto deles. Vejo mais graça do que aborrecimento nisso."
E por fim
"No momento, os manifestantes parecem fazer um movimento com clareza moral, protestando contra o estado ridículo causado por nossos bancos, empresas e líderes políticos. Provavelmente, seria melhor se as autoridades aceitassem que esta é uma nova situação, que a história está sendo escrita. História é algo que acontece em ondas, geralmente é melhor seguir a corrente e não nadar contra elas. Espero que os líderes mundiais percebam isso".
"O último capítulo de V de Vingança se chama Vox Populi. A voz do povo. E acho que, se a máscara significa algo no contexto atual, é isso. É o povo, essa entidade misteriosa que com frequência é evocada"
Agora vamos tecer alguns comentários.
As máscaras de V de Vingança foram confeccionadas pela primeira vez pela Warner para promover O FILME. Este mesmo filme é odiado por Alan Moore, tanto que ele mandou retirar seu nome dos créditos e supostamente cedeu seus ganhos financeiros para o desenhista David Lloyd.
Essa máscara só se tornou popular graças a este filme e por isso é usada pelos manifestantes. Como Alan Moore pode elogiar tanto o uso das máscaras se elas são um produto do filme que ele tanto odeia? Se ele escreveu o livro querendo que tivesse um impacto, e este impacto só ocorreu graças ao filme, não deveria ele ser grato ao filme e a corporação capitalista que o produziu? Se existe essa performance de massas, ela se deve ao poder do cinema, do filme que ele se nega a aceitar!
Da mesma forma, ele diz de maneira hipócrita que seria vergonhoso uma corporação ganhar dinheiro com protestos anticorporativos, mas ele ganhou muito dinheiro com V de Vingança e continua ganhando, com a venda dos gibis. Os direitos da série pertencem a Warner para publicação e merchindising, mas ele recebe pelas vendas de gibis, que com certeza aumentaram com tanta gente usando as máscaras nesses protestos (ele teria ganho algo em torno de três milhões de dólares na época do lançamento do filme Watchmen, aqui). Ou seja, ele não é uma corporação, mas com certeza fatura uma grana com os protestos.
Ele chama o movimento de "voz do povo", será que não sabe que esses movimentos envolvem apenas algumas centenas de pessoas e são organizados por grupos políticos minoritários, essa é a "voz do povo" pra ele? Aquilo que lhe agrada! Já o vi inúmeras vezes vociferar que as pessoas estão mergulhadas em "pornografia e televisão"...
Enfim, Alan Moore é um hipócrita e com certeza ele não faz parte dos 99%, porque ele é um escritor milionário. E ele só chegou a isso graças ao seu talento, sim, mas em grande parte graças ao capitalismo que ele tanto critica e graças a Warner...
Alan Moore é um mago, um sujeito que busca a sabedoria, mas ele ainda não aprendeu o dito mais simples da sabedoria popular: "não cuspa no prato em que comeu"!
Sobre os protestos, Moore afirmou (tradução pinçada por ai):
"Acho que quando estava escrevendo V de Vingança, lá nas profundezas do meu eu, posso ter pensado: não seria ótimo se estas ideias tivessem algum impacto? Então quando você vê essa vã fantasia entrar no mundo real... É uma coisa peculiar. Parece que um personagem que criei há 30 anos deu um jeito de escapar da ficção."
"Aquele sorriso é tão assustador. Tentei usar a natureza enigmática desse sorriso para efeito dramático. Podíamos mostrar uma imagem do personagem apenas parado em pé, silencioso, com uma expressão que podia ser de alegria ou de maneira mais sinistra. Ver máscaras com os manifestantes faz com que eles se pareçam um único organismo, esse tal de 99% de que ouvimos tanto falar. Nesse sentido é formidável, posso ver o motivo de estarem usando a máscara"
"Ela transforma os protestos em performances. A máscara é dramática; cria uma sensação de aventura. Manifestações, marchas, são coisas que podem ser bem cansativas, exaustivas. Desanimadoras, até. Precisam acontecer, mas isso não quer dizer que são divertidas - e deveriam ser. (...) [Com as máscaras,] parece que esse pessoal está se divertindo. E a mensagem que passam com isso é muito forte."
Sobre a exploração comercial das máscaras pela Warner:
"É meio vergonhoso para uma corporação tirar lucro de protestos anti-corporativos. Não é uma coisa à qual eles gostariam de ser associados. Mas eles não são do tipo que negam dinheiro - vai contra o instinto deles. Vejo mais graça do que aborrecimento nisso."
E por fim
"No momento, os manifestantes parecem fazer um movimento com clareza moral, protestando contra o estado ridículo causado por nossos bancos, empresas e líderes políticos. Provavelmente, seria melhor se as autoridades aceitassem que esta é uma nova situação, que a história está sendo escrita. História é algo que acontece em ondas, geralmente é melhor seguir a corrente e não nadar contra elas. Espero que os líderes mundiais percebam isso".
"O último capítulo de V de Vingança se chama Vox Populi. A voz do povo. E acho que, se a máscara significa algo no contexto atual, é isso. É o povo, essa entidade misteriosa que com frequência é evocada"
Agora vamos tecer alguns comentários.
As máscaras de V de Vingança foram confeccionadas pela primeira vez pela Warner para promover O FILME. Este mesmo filme é odiado por Alan Moore, tanto que ele mandou retirar seu nome dos créditos e supostamente cedeu seus ganhos financeiros para o desenhista David Lloyd.
Essa máscara só se tornou popular graças a este filme e por isso é usada pelos manifestantes. Como Alan Moore pode elogiar tanto o uso das máscaras se elas são um produto do filme que ele tanto odeia? Se ele escreveu o livro querendo que tivesse um impacto, e este impacto só ocorreu graças ao filme, não deveria ele ser grato ao filme e a corporação capitalista que o produziu? Se existe essa performance de massas, ela se deve ao poder do cinema, do filme que ele se nega a aceitar!
Da mesma forma, ele diz de maneira hipócrita que seria vergonhoso uma corporação ganhar dinheiro com protestos anticorporativos, mas ele ganhou muito dinheiro com V de Vingança e continua ganhando, com a venda dos gibis. Os direitos da série pertencem a Warner para publicação e merchindising, mas ele recebe pelas vendas de gibis, que com certeza aumentaram com tanta gente usando as máscaras nesses protestos (ele teria ganho algo em torno de três milhões de dólares na época do lançamento do filme Watchmen, aqui). Ou seja, ele não é uma corporação, mas com certeza fatura uma grana com os protestos.
Ele chama o movimento de "voz do povo", será que não sabe que esses movimentos envolvem apenas algumas centenas de pessoas e são organizados por grupos políticos minoritários, essa é a "voz do povo" pra ele? Aquilo que lhe agrada! Já o vi inúmeras vezes vociferar que as pessoas estão mergulhadas em "pornografia e televisão"...
Enfim, Alan Moore é um hipócrita e com certeza ele não faz parte dos 99%, porque ele é um escritor milionário. E ele só chegou a isso graças ao seu talento, sim, mas em grande parte graças ao capitalismo que ele tanto critica e graças a Warner...
Alan Moore é um mago, um sujeito que busca a sabedoria, mas ele ainda não aprendeu o dito mais simples da sabedoria popular: "não cuspa no prato em que comeu"!
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Escrito por Tavares 12 Comentários
Categoria: Alan Moore, Artigos, Polêmicas
28 de nov. de 2011
Propaganda de guerra nos gibis dos anos 1940
No início dos anos 1940, os EUA ainda nem tinham entrado na Segunda Grande Guerra, mas quase todos os super-heróis já combatiam o Nazismo. O Capitão América foi criado por Joe Simon e Jack Kirby com esse objetivo, ele surge em março de 1941.
Hoje você vê Frank Miller sendo azucrinado pela crítica de quadrinhos porque fez o gibi Holy Terror, onde um herói combate o terrorismo, e justificou-se dizendo ter feito um revival do estilo de propaganda de guerra dos anos 1940. Praticamente ninguém aceitou sua justificativa.
Atualmente é muito difícil para a crítica de quadrinhos aceitar uma criação que aborde um assunto sério como a guerra, mas desprovida de um nível informacional já comum a qualquer gibi de super-heróis do nosso tempo. Para o público isso não parece tão difícil, tanto que Holy Terror esta vendendo muito bem, assim como os gibis dos anos 1940 vendiam.
Mas qual é a diferença entre 1941 e 2011?
A única diferença é que naquela época quem lia quadrinhos eram as crianças e as pessoas semianalfabetas, elas não estavam nem aí pro sentido ideológico dessas historinhas. Elas simplesmente liam pra se divertir e aceitavam perfeitamente a existência de inimigos malvados como os nazistas e se empolgavam com um herói a combatê-los, tudo muito ingênuo, sem informação. Crítica de quadrinhos? Não, isso não existia em 1941!
Hoje quem lê quadrinhos não são somente crianças e pessoas incultas, há também um público de pessoas velhas que consumiram um monte de informação, passaram por universidades, onde tiveram suas mentes lavadas, e agora fazem questão de criticar quadrinhos, revistinhas, gibis, como se fossem grandes obras da cultura ocidental.
A chamada "crítica de quadrinhos" reúne fãs de HQ que se tornaram jornalistas ou profissionais da área e mesmo pessoas que nem a esse nível chegam, são apenas fãs envelhecidos que já leram muito e dão pitacos sobre tudo.
Hoje não se pode fazer uma ingênua propaganda de guerra como em 1941 sem incomodar essa "crítica" porque supostamente o público de quadrinhos atualmente tem mais informação e não aceita essas simplificações da realidade. Mas quem não aceita são apenas os críticos.
Frank Miller fez um trabalho muito ingênuo e superficial em Holy Terror e foi execrado, mas eu duvido que uma criança que leia seu trabalho venha a se importar com o fato de ler uma propaganda simplista. Pesquisando sobre a presença da propaganda de Guerra nos gibis dos anos 1940, encontrei alguns exemplos surpreendentes de gibis que hoje seriam considerados escandalosos, politicamente incorretos e mesmo imbecis, mas que eram lidos avidamente por milhões de crianças americanas e até de outros países, sem nenhum tipo de julgamento crítico.
São revistas de personagens ainda hoje conhecidos, como o Superman, e de outros que não sobreviveram a Era de Ouro e hoje estão esquecidos. Em todas vemos um inimigo claro: os nazistas e os outros integrantes do Eixo, os japoneses, os italianos. O mundo representado alí é simples e de fácil compreensão.
Frank Miller afirma que fez um revival desse período. Da mesma forma que hoje são feitos tantos revivals de quadrinhos da Era de Prata, como All-Star Superman e Tom Strong. Mas sua justificativa não foi aceita, afinal, a guerra ao terror é um assunto sério.
O que me faz perguntar se hoje os gibis não estão sendo levados demais a sério...
Hoje você vê Frank Miller sendo azucrinado pela crítica de quadrinhos porque fez o gibi Holy Terror, onde um herói combate o terrorismo, e justificou-se dizendo ter feito um revival do estilo de propaganda de guerra dos anos 1940. Praticamente ninguém aceitou sua justificativa.
Atualmente é muito difícil para a crítica de quadrinhos aceitar uma criação que aborde um assunto sério como a guerra, mas desprovida de um nível informacional já comum a qualquer gibi de super-heróis do nosso tempo. Para o público isso não parece tão difícil, tanto que Holy Terror esta vendendo muito bem, assim como os gibis dos anos 1940 vendiam.
Mas qual é a diferença entre 1941 e 2011?
A única diferença é que naquela época quem lia quadrinhos eram as crianças e as pessoas semianalfabetas, elas não estavam nem aí pro sentido ideológico dessas historinhas. Elas simplesmente liam pra se divertir e aceitavam perfeitamente a existência de inimigos malvados como os nazistas e se empolgavam com um herói a combatê-los, tudo muito ingênuo, sem informação. Crítica de quadrinhos? Não, isso não existia em 1941!
Hoje quem lê quadrinhos não são somente crianças e pessoas incultas, há também um público de pessoas velhas que consumiram um monte de informação, passaram por universidades, onde tiveram suas mentes lavadas, e agora fazem questão de criticar quadrinhos, revistinhas, gibis, como se fossem grandes obras da cultura ocidental.
A chamada "crítica de quadrinhos" reúne fãs de HQ que se tornaram jornalistas ou profissionais da área e mesmo pessoas que nem a esse nível chegam, são apenas fãs envelhecidos que já leram muito e dão pitacos sobre tudo.
Hoje não se pode fazer uma ingênua propaganda de guerra como em 1941 sem incomodar essa "crítica" porque supostamente o público de quadrinhos atualmente tem mais informação e não aceita essas simplificações da realidade. Mas quem não aceita são apenas os críticos.
Frank Miller fez um trabalho muito ingênuo e superficial em Holy Terror e foi execrado, mas eu duvido que uma criança que leia seu trabalho venha a se importar com o fato de ler uma propaganda simplista. Pesquisando sobre a presença da propaganda de Guerra nos gibis dos anos 1940, encontrei alguns exemplos surpreendentes de gibis que hoje seriam considerados escandalosos, politicamente incorretos e mesmo imbecis, mas que eram lidos avidamente por milhões de crianças americanas e até de outros países, sem nenhum tipo de julgamento crítico.
São revistas de personagens ainda hoje conhecidos, como o Superman, e de outros que não sobreviveram a Era de Ouro e hoje estão esquecidos. Em todas vemos um inimigo claro: os nazistas e os outros integrantes do Eixo, os japoneses, os italianos. O mundo representado alí é simples e de fácil compreensão.
Frank Miller afirma que fez um revival desse período. Da mesma forma que hoje são feitos tantos revivals de quadrinhos da Era de Prata, como All-Star Superman e Tom Strong. Mas sua justificativa não foi aceita, afinal, a guerra ao terror é um assunto sério.
O que me faz perguntar se hoje os gibis não estão sendo levados demais a sério...
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